Tu queres ilha: despe-te das coisas,
das excrescências ,tira de teus olhos
as vidraças e os véus,sapatos de
teus pés,e roupas,calos,botões e
também as faces que se colam à
tua,e os braços alheios que te abraçam
e os pés que querem ir por ti,e as moças
que querem te esposar,e os ais (não ouças!)
que querem te carpir,e os cantos que
querem te consolar,e tantos guias
que querem te perder,e as ventanias
que não dormem,que batem alta noite,
tristes em tua porta,se ressonas
pois nem o vento, nada te abandona.
Jorge de Lima,em cantos de Orféu
excelente. (rudorico)
ResponderExcluire eu que mal falo
ResponderExcluirTu Queres Sono: Despe-te dos Ruídos
ResponderExcluirTu queres sono: despe-te dos ruídos, e
dos restos do dia, tira da tua boca
o punhal e o trânsito, sombras de
teus gritos, e roupas, choros, cordas e
também as faces que assomam sobre a
tua sonora forma de dar, e os outros corpos
que se deitam e se pisam, e as moscas
que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor (não ouças)
que se prepara para carpir tua vigília, e os cantos que
esqueceram teus braços e tantos movimentos
que perdem teus silêncios, o os ventos altos
que não dormem, que te olham da janela
e em tua porta penetram como loucos
pois nada te abandona nem tu ao sono.
esse é de Ana C. César