domingo, 16 de janeiro de 2011

XXXIII

Tu queres ilha: despe-te das coisas,
das excrescências ,tira de teus olhos
as vidraças e os véus,sapatos de
teus pés,e roupas,calos,botões e

também as faces que se colam à
tua,e os braços alheios que te abraçam
e os pés que querem ir por ti,e as moças

que querem te esposar,e os ais (não ouças!)

que querem te carpir,e os cantos que
querem te consolar,e tantos guias
que querem te perder,e as ventanias

que não dormem,que batem alta noite,
tristes em tua porta,se ressonas
pois nem o vento, nada te abandona.


Jorge de Lima,em cantos de Orféu

segunda-feira, 22 de novembro de 2010



"Quero estar, onde estão

Os sonhos desse hotel
Muito além do céu
Nada a temer, nada a combinar
Na hora de achar meu lugar no trem
E não sentir pavor
Dos ratos soltos na casa


Minha casa

Não precisa ir muito além dessa estrada
Os ratos não sabem morrer na calçada
É hora de você achar o trem
E não sentir pavor
Dos ratos soltos na casa


Sua casa."4





parado passivo singelo sol quente.
raios de ferro esporreiam no ar

paralelas que se cruzam
paralelas de ferro
em tantas e tantas pedrinhas janelas retorcem meus olhos nos trilhos

eu passo a passo e vacas quietas em verde-verdes come azulado céu explosível em nuvem cercável de sol

deus vestido!
"Coisas que a gente se esquece de dizer"1


Os trilhos me prendem.


Trilhos:pedagogos da causa pequena,guia dos cegos ,uma água de amparo durante a queda em meu vagar.
Esfria o quente dilatar
do corpo,

porque...

porque quero só o que me preenche, quero tudo.


Os trilhos embaixo em cada estação a bola maior se comprime é o sol sem paradeiro no fim da paragem os trilhos em cima diante de deus nos meus olhos

a terra do sol se esvai.

deus e o diabo em paz,

ausente o calor infinito.

Já o trem,vai

em frente.
Lá atrás ,

eu fui. Eu passo com o trem que passa a vida em compasso me perco re-acho as mil paragens no mesmo estalar.


ESTAÇÃO PARADA:
"O bom da vida é para o cavalo,que vê capim e come"2
e
"quando a gente anda em círculos os dias parecem séculos"3




Enfim.


O tempo,este que roda preso

nas paralelas linhas do trem,
tem fim

não

é sempre a linha arrudiada e grudada de ponta a ponta.
























1 O trem azul,de Lô Borges.
2 do Grande Sertão:Veredas,de Rosa. ser tão Grande.
3Filme de guerras canções de amor,dos engenheiros do hawaii.
4trem de doido,Lô Borges. Ouçam o disco Clube da Esquina,que a sonoridade ampla explica.




as dores não são condicionantes de tudo.portanto não mandam no que pode ser impresso.
ESTAÇÃO DA ALEGRIA.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Riobaldo

"as pessoas afinam e desafinam.não estão sempre iguais.

E,outra coisa:o diabo,é as brutas;mas Deus é traiçoeiro!Ah,uma beleza de traiçoeiro-dá gosto!

Ele faz é na lei do mansinho-assim é o milagre."





Do Grande Sertão

sábado, 7 de agosto de 2010

O verde escuro mar e o sol cansado de seu fogo é o melhor presente para se dar a Mersault. Estrangeiro.
Pois é assim que o dia o engana, por não ser a totalidade da noite.
Já a morte pinta seus olhos com as suas pequenas frações de verdade. O Cais de Santa Rita ,com seus roedores submersos. Marco Zero,tapete remoto aos olhos me dizendo da profundidade que há na superfície de seus planos.A cidade em baixo da água.O choro que nem sai mais: tomado pelo mar e levado pelo frio.

Mersault secou e sem raios se joga no mar adiante.

Sem amanhecer,morre.
Morto como o resto da noite deve ser.

Mersault matou.

O sol apavorado com o seu fim se joga no mar.Anoitece.

A força.A forca.E todos - O Mar,O sol e eu - adoramos o que seja fim em par com o eterno recomeço.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

no fronte de tantas letras somente montar me agrada.
o que você quer ou pensa não me diz nada

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faca foice dilatada
pés e mãos
virgem moça enrabada
e milhares de pinhais chamejantes em seu inferno próprio de existir

a falta de palavras

pelo amor de deus
me leia me coma me devore me seja me faça me exista me visite me vista me cuide me ame me ame me ame me ame ame

visite as minhas paragens sempre que seu coração mandar,sempre que cedo,
deus proverá meu vazio este blog minha paciência



Deus

terça-feira, 6 de julho de 2010

arcanjos fedorentos com gosto de enxofre eu sou jorge de lima o caos em panfleto tirando o bem mal do coração de belzebu eu sou antônimo também lorca como cadela inchada no cio caçando e caçada por mil cães famintos e esqueléticos carcomidos eu sou maria das dores com piedade e dó dos filhos barbudos pederastas dançando no melhor dos precipícios com fome e com sol quente derretendo a cabeça paradas paragens que meu professor me ensinou um céu e piva o bruxo me mostrou o inferno sou piva carniça e ossos quebrados qual porco em seus restos rejeitados pelo açougueiro sou clímax fraudulento e foda no ânus pederastas desses poetas que não servem nem pra guiar e não servem mais pra nada sou padre excomungado que leu sade e se excitou batendo punheta a máquina de escarrar já sem catarro o poeta tremejante sem poder esporrear em ninguém geme nas últimas horas e eu paro a minha vida neste ponto final.

Roberto Piva, e sua morte de todos os dias.

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"Lá chegam todos,lá chegam todos... qualquer dia,salvo venda,chego eu também... Se nascem,afinal,todos para isso..." Álvaro de Campos